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Eike Batista é daqueles que têm iniciativa e acabativa. Eike tem uma qualidade adicional, razão pela qual estou escrevendo esse artigo: ele sabe escolher equipes, e poucos sabem fazer isso.

Eike Batista é exatamente quem é devido a sua personalidade e seu treinamento. Não são justas as acusações que lhe fazem sobre o seu sucesso estar condicionado à ajuda e influência do seu pai. A verdadeira influência proporcionada pelo seu pai tem a ver com o treinamento familiar que Eike teve, e nada a ver com o fato de seu genitor ter sido ex-presidente da Vale do Rio Doce e ex-ministro das Minas e Energia. A notícia que circula referente ao seu pai ter lhe dado o mapa da mina (ou os mapas da mina) com a localização de recursos minerais a preços de banana – algo como um suposto documento secreto que só o presidente da Vale tem acesso e mais ninguém – é totalmente falsa.

Esse “mapa” é público, e são as concessões de minério que foram dadas ao longo de 50 anos e não prosperaram porque os preços de minérios, na época, não eram rentáveis. Não saíram do papel porque ficavam no “fim do mundo”, em locais sem energia, porto, estradas e luz elétrica.

Com o aumento do preço dos minérios, graças à China, muitas concessões se tornariam rentáveis se existisse um empreendedor capaz de montar todas as peças. Estradas, dinheiro, portos etc.

Por ser filho de Eliezer Batista e formado em Metalurgia e Mineração, Eike tinha sempre no seu radar os preços de minérios, e o ponto de equilíbrio necessário. O que Eike soube fazer foi agregar todos os componentes necessários e fazer disto um projeto viável, e de fato tudo começou com um PowerPoint. Você também poderia ter colocado esses preços no seu radar, mas a verdade é que, nem você e nem eu o fizemos.

O pai de Eike o ajudou com os genes. Os genes de inteligência, o gene de pensar grande, o gene de acreditar no Brasil como um país do futuro e do presente. Ficar com inveja agora que o Brasil deu certo é fácil. Mas posso lhe garantir que em 1994 havia muito poucos brasileiros que acreditavam que o Brasil daria certo. Riam na nossa cara.

Meu livro Brazil emerging boom 1995-2005 foi a obra feita por um brasileiro mais vendida na Amazon depois de Jorge Amado, mas nenhum intelectual brasileiro jamais o comentou. Quando notavam a minha ausência nas várias comitivas internacionais do governo Fernando Henrique, eu mentia que não estava me sentindo bem, em vez de dizer que não havia sido convidado.

Eike Batista é daqueles que têm iniciativa e acabativa. Sabe trazer energia, estradas, financiamento, equipamentos para lugares considerados “fim do mundo”. Eike tem uma qualidade adicional, razão pela qual estou escrevendo esse artigo: ele sabe escolher equipes, e poucos sabem fazer isso. Nem se ensina isso nas escolas de Administração pública, um absurdo, aliás.

Eike tem, ainda, uma outra particularidade: não escolhe pessoas que trabalhariam bem com ele. Vou repetir, porque acredito que você achou isso estranho. Ele não contrata puxa sacos, pessoas que escrevem bem dele em artigos de revistas de Administração, por exemplo. O dono do Grupo EBX contrata quem ele acha quem trabalharia bem com a equipe. “Já deixei de contratar muita gente que eu gostei pessoalmente por outro que eu achei que a equipe gostaria mais. Afinal, eles estarão mais tempo com ele do que eu.”

Se Eike dá a impressão que faz pouco, que circula mais do que trabalha, é porque ele delega, motiva a equipe que contrata, não faz “micro management”. É o chefe ideal. Pena que nunca será o meu.

Fonte: Administradores – Escrito por Stephen Kanitz

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